quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Take a trip...



Poucas coisas são tão curiosas e pitorescas como o transporte subterrâneo paulistano. É incrível como um único lugar, mesmo que apenas de passagem, consiga concentrar os espécimes mais excêntricos, divertidos e estranhões da diversificada fauna humana da metrópole, e por que não, do país e do mundo, transformando aquele cenário férreo e monótono num mosaico de personalidades que nem a “alucinógena” Alice imaginaria.


Pra quem não conhece a cidade, o que eu tenho a dizer é: antes de visitar o Masp ou casas noturnas, ande de metrô.Entre engravatados, orientais, metaleiros e manos, sempre aparecem figuras únicas. Na última viagem que fiz à cidade, em janeiro, andei de metrô todos os dias e olhei coisas , no mínimo, bastante interessantes .Citando apenas algumas:


-Um casal de cosplay em pleno domingo de manhã, às cerca de 8hrs.Ele de macacão laranja e cabelo todo espetado em mechas grossas, no qual devem ter sido gastos alguns muitos sprays de laquê, e ela com roupa de boneca (não consegui associar os dois à nenhum personagem, nunca fui fã de anime).

-Uma mulher de cerca de 40 anos lendo um livro pré-adolescente.


-Um senhor de peruca à la Zé Bonitinho (JURO!) e bigode colado, absurdamente caricato.Eu e minha irmã ficamos com sérias suspeitas (e medo) dele ser um foragido da polícia disfarçado.


-Uma hermana, creio que argentina, com um mullet totalmente
old fashioned , que não parava de falar por um segundo sequer, sempre muito rápido, me deixando nauseada com seu castelhano à 100km/h.

-Um careca com jeito de francês (vocês também conseguem sacar a nacionalidade da pessoa só pelo jeito?) usando uma daquelas tradicionais boinas e com a expressão mais serena que já vi na vida.Fiquei imaginando se era artista ou professor de filosofia.

-Um bicho-grilo com pasta de executivo.

Sem falar na quantidade impressionante de cabelos coloridos, em tons cada vez mais fluorescentes, e nos empolgados que ao colocarem fones de ouvido começam a exibir seus dotes vocais (quase sempre sofríveis).



Uma graça.



Todos seguindo pela cidade com os objetivos mais distintos possíveis, juntos num mesmo recinto, tão próximos e tão distantes, e em combinações tresloucadas e variadas, que zombam de todas as divisões sociais de status, aparência, ideologia, credo etc.

Muitas vezes sem se darem conta das peculiaridades que os cercam, já anestesiados pelo cotidiano, só querendo chegar ao seu destino final sem muitos empurrões ou correrias,com um pouco de sorte até sentados e com um lugar pra encostar a cabeça.


E assim segue a vida no metrô, de estação em estação, unindo e separando vidas a cada vez que o alarme toca e as portas se abrem.





É, São Paulo não pode parar.



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Depois de um longo hiato, aqui estou.

2 comentários:

Ana Áurea disse...

adoro esse texto, queria muito ter visto o tiozinho com topete de Zé Bonitinho e bigode colado.HAHAHA

Cáh disse...

Haha! Adorei esse texto migs! É encantador estarmos ligados com milhares de pessoas distintas a nós e ao mesmo tempo sendo totalmente alheias a tds elas... Viva a aleatoriedade da vida! (dorgas, manolo xD)