sexta-feira, 25 de maio de 2012

Lugar-incomum



“É, mas você não é mais adolescente”. Nos últimos dias, esta frase inocentemente proferida pelo meu professor de violão foi meu “Houston, we have a problem”.

Estávamos nós discutindo sobre as músicas que eu começaria a aprender agora. Ele, velha guarda todo, me passou “Felicidade foi embora” e “Pingos de amor”. Ok. Mas que tal um Oasis ou Hole?


—Você gosta mesmo dessas músicas em inglês, hein, neném?


—Não tem jeito, passei minha adolescência inteira ouvindo isso...


—É, mas você não é mais adolescente. — replicou, com aquela risadinha Muttley.


Meu mundo caiu.


Sim, tenho ciência de que estou na faculdade há quatro anos, trabalho, dirijo, tenho conta no banco e esperneio que já-sou-maior-de-idade em qualquer tentativa paterna de tirar meu cavalinho da chuva, festa ou viagem.


Porém, alguém dizendo isso é mais... chocante. Sempre detestei a palavra “adulto”. Não sei, é chata.


Assustador ver como o tempo passa. Minha irmã está no último ano do colégio. Não lembro mais de algumas pessoas que estudaram comigo. E, horror dos horrores: sou a mais velha da turma de inglês. Socorro.


Não que minha adolescência tenha sido melhor do que o que eu vivo agora, em aspecto algum. Jamais voltaria à sua época de vigência. Na verdade, queria que a tal fosse como um processo estendido indefinidamente — aliás, Supremo Tribunal Federal, por favor, assuma essa causa.


Não há como negar: é uma fase romântica.  Período para sonhar, errar e render umas tantas vergonhas alheias.


Pessoas de 20 e poucos anos também fazem tudo isso, sabemos. Mas é diferente. Falta aquele quê de ingenuidade que torna tudo mais singelo.


No fundo, queria o que todo mundo quer: o melhor dos dois mundos. Ter tudo que eu tenho agora, mas sendo café com leite. Fez besteira? Sabe todas as músicas da Britney Spears? Adora estampa de caveira? Pega leve, gente, ela é adolescente.


Tenho medo de crescer. Fazer declaração de imposto de renda, usar creme antirrugas na região dos olhos e roupas em tom pastel, coisas assim. Não quero ser cobrada, não quero virar sem graça.


Ao mesmo tempo, já estou completamente out das coisas demasiado pueris. Minha irmã é o termômetro: suas conversas sobre popularidade na escola e a insegurança com aparência torram-me a paciência.


A conclusão que me resta é que estou em um lugar meio nebuloso, indefinido. Quero ganhar o mundo e conquistar mil coisas, mas ainda guardo uma empatia irremediável por um aparelho nos dentes e algumas espinhas clamando por Roacutan.


Já ouvi dizer por aí que crescer custa, demora, esfola, mas compensa.


Enquanto isso, então,  fico por aqui, juntando Courtney Love e Paulo Diniz na minha um pouco fora de tom e tresloucada, porém de beleza toda própria, serenata de despedida .

4 comentários:

Ana Áurea disse...

HAHAHAHAH, eu odeio a palavra Adolescência, acho que a minha foi uma infância mais extendida...Enquanto eu ler a expressão 'melhor dos dois mundos' e me lembrar da minha querida (só que não) Hannah Montanna, TÁTUDOBLZ

Tess disse...

Mas é claro que eu também lembrei da Hannah, amiga, hahaha NEVER FORGET

Agenor Barbosa disse...

pense em como é chegar assim aos 30!? rsrsrs

Agenor Barbosa disse...

mas, falando sério, tem pessoas q ao se tornarem adultas o fazem acompanhadas de uma ruptura considerável das visões e preferências q possuía anteriormente e outras que não sabem mais o sentido de diversão. Eu tenho certeza de que não cresci [no sentido de amadurecer] mt em relação à minha infância, mas se ser adulto significa abandonar o que eu prezo, é melhor continuar na Terra do Nunca.