segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sobre Xuxa, parques temáticos e ambições

Eu nunca quis ser paquita.

Mas não porque desgostasse das soldadinhas de chumbo trabalhadas na água oxigenada. Do alto dos meus cinco anos, eu sonhava grande: queria ser a Xuxa. Afinal, por que me contentar em ser assistente quando eu podia ser a própria estrela? Ela era loira de olhos azuis, alta, descia de uma nave espacial e gravava especiais de Natal em cenários disneylândicos.

Mal sabia eu que aí estava o germe daquela que me acompanharia o resto da vida... a ambição. Mais do que apresentar um programa excessivamente policromático e mediar o famigerado “meninos x meninas”, eu, agora vejo, lá no fundo já almejava poder e visibilidade. É, isso mesmo.

Cheirando ainda a leite, poderia horrorizar Adorno e Horkheimer com minha adoração precoce pela Indústria Cultural: o fascínio da perspectiva de ter a minha cara estampada em vários produtos, lançar moda, dar autógrafos, ver gente chorando por mim e, pasmem, até ter um parque temático.

Nessa época, a Xuxa nem sequer tinha o dela (construído nos anos 2000 em um shopping de São Paulo). Sei que parece megalomaníaco demais para uma criança, mas eu realmente tinha essa ideia, e não imagino de onde a tirei. Cheguei a fazer um desenho do tal parque, uma espécie de planta com os brinquedos (só consigo lembrar da roda gigante com cabines em forma de nave) e uma imensa fachada cor-de-rosa. Mostrei para uma amiga, a Lis, mas não recordo sua reação. Acho que não ganhei muita atenção ela sempre preferiu as Chiquititas mesmo.

Aposto que a maioria das pessoas me vê hoje como relativamente pacata. Mas a influência de Lady Maria da Graça não me deixaria incólume. Não se enganem com a fala doce: a inquietude me consome. Pra começar, sou extremamente perfeccionista. Do tipo que quer tudo, e pra ontem. Neurótica com erros. Sedenta por novidades. Acometida por Fomo (Fear Of Missing Out). E competitiva. Não na vertente Regina George da coisa, mas por sentir-me mortificada quando alguém se destaca em coisa que sei que também poderia fazer.

A frustração é inevitável, pois tantas ideias e planos podem às vezes dar a sensação de não conseguir fazer nada ao fim e ao cabo. Mas também é bom, visto que o alcance de uma plena "satisfação" significa perda de sentidopelo menos para mim.

Não sei até onde tudo isso poderá me levar... Só espero que a bem longe. Daqui a alguns anos encontro vocês por aí em algum lugar: redação de jornal, escritório, set de filme, fazendo mochilão pelo mundo...


Ou, vai saber, até mesmo dando voltas na roda gigante do meu parque temático.

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Amigas, em todo o caso, o TessWorld desde já garante passaportes vipíssimos para vocês, ok? HAHAHA

3 comentários:

Ana Áurea disse...

Pois eu sempre quis ser personagem secundário mesmo...nada disso de holofotes na minha cara, eu gosto de fazer as coisas certas, mas nem me toco na hora de colher os louros, sempre 'paremos de falar de mim, me fale de você', e acho que as pessoas poderiam confundir nossas personalidades contrárias amigas, tiops, diriam que a minha é sua e que a sua é minha HAHAHA, só pelo fato de eu falar mais e mais alto (de vez em quando) que tu...VÊ SE PODE NÉ...

toda visibilidade do mundo pra ti!
ps:quero meu passe vip.

Mariana Dias disse...

Como já dizia a filósofa Kelly Key: "Eu quero ser famosa, ser uma grande artista, gravar comercial, ser capa de revista".
hahahaha

Fóssil disse...

kkkkkkkkkkkkkkk

Teh, como eu posso ficar tanto tempo sem visitar teu blog? Amo as coisas que tu escreves. Impressionante como tuas crônicas falam de ti tão intimamente sem serem melosas ou terem aquele ar grave e sisudo da reflexividade. Tens uma escrita tão leve e gostosa que nem parece que o que a gente tá lendo tem mais profunidade do que salta aos olhos. Acho que por isso que Saint-Exupery disse que o essencial é invísivel aos olhos :D

Acho que caberia uma foto da tua irmã como paquita nesse post! uhauahuahauhauhauahua